As cores de Sesimbra no mais belo pódio de Lisboa

Visto pelos olhos de Sesimbra, não houve na City Race de Lisboa outro pódio tão formoso como o das Juvenis Femininas. Todas do GDU Azoia: a Joana, a Carolina, a Leonor. Apelidos: Canana, Rusga, Ferreira. E, não fosse alguma ter falhado, estava lá a Sofia Pulquério, que ficou à beirinha das medalhas, ou seja, das “sardinhas” – a forma do curioso troféu com que a cidade associou a corrida à memória das festas populares.

A prova lisboeta, disputada a 26 de março, inaugurou o City Race Euro Tour que, até setembro, levará este formato de percursos longos de orientação urbana pedestre a nove cidades de sete países. Portugal, que no dia seguinte recebeu novo evento em Leiria, é um dos únicos dois anfitriões com direito a jornada dupla. O outro é Inglaterra, com Coventry a 18 e Birmingham a 19 de junho. As restantes cidades bafejadas são Antuérpia, Basileia, Graz, Estocolmo e Gdansk.

Na jornada olissiponense, o Azoia concorreu em 12 escalões com um total de 25 atletas e, além dos três já mencionados, conquistou mais quatro lugares de pódio: Miguel Manso (1º) e João Sousa (3º) em Jun M; Catarina Félix (3ª) em Vet II F; Manuel Dias (1º) em Vet III M. Muito mérito também para Vasco Mendes, com um honroso 5º lugar na categoria mais competitiva (Sen M), a pouco mais de um minuto das medalhas. Como 4ºs classificados tivemos ainda André Pereira, Afonso Ferreira e Jesus Leão.

Abrindo o ângulo de visão para além do nosso emblema, o primeiro destaque tem de ir para João Ferreira e Stepanka Betkova, vencedores dos escalões seniores, com o atleta da Bairrada a bater claramente João Mega Figueiredo (Alvito) e João Pinto (individual), enquanto a representante do Ori-Mondego se impunha a Inês Pinto (GD4C) e à croata Antonija Orlic.

A Lisboa City Race começou em frente da Casa dos Bicos (Fundação José Saramago), com partidas entre as 11h e as 12h30 e chegadas perto do Cais do Sodré. Nas classes de competição, as distâncias variavam entre 4,3 e 13,1 km. A parte mais complicada dos percursos foi o dédalo de Alfama com suas escadinhas, becos e vielas, não faltando, noutras zonas, o desafio de algumas passagens inferiores ou túneis, por exemplo, para aceder ao topo do elevador de Santa Justa, vizinho do histórico Largo do Carmo, ou para, já perto do final, seguir pela artéria que passa sob a Rua do Alecrim, evitando opções mais demoradas.

Na última década, o Clube Português de Orientação e Corrida organizara já duas provas neste extraordinário mapa de Lisboa: o XX Troféu CPOC, em maio de 2012, e o Lisbon International Orienteering Meeting (LIOM), em janeiro de 2016. Seria de esperar que a inclusão da recente corrida no circuito europeu de City Races favorecesse a participação numerosa que este labirinto viário merecia. Infelizmente, a crise pandémica dos últimos dois anos frustrou as melhores expectativas. Inscreveram-se 395 atletas, bem longe dos 691 que responderam ao apelo do LIOM, e sem o brilho de nomes como Daniel Hubmann ou Marika Teini e Galina Vinogradova, que nesse ano vieram, ao lado de outras vedetas, disputar o sprint urbano incluído dessa vez no ranking WRE.

Leiria: Oliveira e Ferreira separados por 4 segundos

A Leiria City Race arrancou 24 depois da corrida lisboeta e deu o triunfo em seniores masculinos a um atleta da casa, Manuel Oliveira (COC), mas o herói do fim de semana foi João Ferreira, que ficou ali a 4 segundos da vitória depois do 1º lugar na véspera em Lisboa. Outro tanto aconteceu com Inês Pinto, que juntou ao 2º lugar de Lisboa uma vitória em Leiria. Em termos de ranking europeu quem saiu de Portugal com um sorriso rasgado foi Antonija Orlic, 3ª em Lisboa e 2ª em Leiria. A croata, que parece apostar neste tipo de competição, estará bem colocada para tentar repetir as vitórias finais de 2018 e 2019. Nestas primeiras duas etapas de 2022 amealhou 183 pontos em 200 possíveis. Para a classificação global contam os cinco melhores resultados, sendo exigida a participação num mínimo de duas provas. Inês Pinto somou 196 pontos e João Ferreira ainda mais: 199,8 pontos. Mas será que vão bater-se noutras provas do circuito?

O GDUA teve em Leiria uma presença mito reduzida, apenas quatro atletas, mas conseguiu colocar três no pódio: João Sousa e Manuel Dias venceram os escalões de Jun M e Vet III M e Luísa Gaboleiro foi 3ª em Vet II F.

Quanto ao circuito Portugal City Race e concluídas estas duas primeiras etapas, estão programadas mais 13, cabendo ao nosso clube organizar a próxima, a 23 de abril, incluída no Sesimbra Active Weekend. Seguem-se Santo Tirso, no dia 24, e Matosinhos, no dia 25. Em maio teremos Arcozelo, Belém (Lisboa), Amadora e Porto. Em junho será a vez de Viana do Castelo e, depois do verão, Coimbra, Águeda, Anadia, Abrantes e Loulé.

Manuel Dias