
É um dos quadros impressionistas mais famosos. A sua exibição, em 1863, no Salão dos Recusados, foi um escândalo em Paris. Mas há poucas pinturas tão inspiradoras. Três anos depois, um outro pintor, com apelido semelhante mas ainda mais conhecido, retomou o tema e o título, ampliou o número de figurantes e vestiu-os com outra galanteria; e, sobretudo a partir do centenário da exposição, surgiram novas réplicas, de Picasso a Jacquet, Seward e tantos outros.
O título da obra é “Le déjeuner sur l’herbe” e o seu autor Édouard Manet. Mostra uma senhora nua (daí o escândalo), ao lado de dois cavalheiros vestidos, tomando, ou tendo acabado de tomar, o seu “almoço na relva”. Digamos que se trata de um “piquenique na floresta”. Foi por isso que me lembrei desta pintura quando vi as fotos que o GDU Azoia postou no grupo WhatApp antes da cerimónia de entrega de prémios na prova da Leirosa. E essa evocação reforçou-se quando falei com Susana Mora, a presidente da Associação Desportiva do Mondego, clube que organizou o evento, a 2 e 3 de abril. Também ela sublinhou, entre as recordações mais fortes desse fim de semana, o prazer do convívio, testemunhado ao fim de dois anos nos grupos que se espalhavam pelo pinhal, desfrutando a alegria do reencontro em segurança.
Ignorando o lado sensual e provocatório de Manet, as imagens da Leirosa fizeram-me viver à distância essa comunhão com o bosque. E senti-a ainda mais por não ter podido estar presente. Foi uma inexplicável vibração, intensificada por um desejo não resolvido. Bom, mas vamos ao III Troféu Ori-Mondego de orientação pedestre, TOM 2022, onde o nosso clube participou com 23 atletas e, no conjunto das três etapas (duas distâncias médias e um sprint), obteve 28 classificações de pódio, além do 2º lugar coletivo, com uma pontuação que lhe permite manter a liderança do ranking da Taça de Portugal O-Pedestre.
Em termos individuais, agigantou-se a presença da família Ferreira, com a Leonor (D18) a fazer o pleno de três vitória, o Nuno (H45) com dois 1ºs e um 2º lugar, e o Afonso (H18) com dois 1ºs e um 3º. Outros destaques: Joana Canana (D16) e Luísa Gaboleiro (D55), ambas com duas vitórias e um 2º lugar; Sónia Grou (D21B) com um 1º e um 2º; Miguel Canana (H14) com um 1º e um 3º; Catarina Félix (D50) com dois 2ºs; Miguel Manso (H18) com um 2º e um 3º; e Carolina Rusga, dois 3ºs. Prestações de bom nível tiveram ainda Sofia Pulquério (D16), André Espada Pereira (H16) e Ana Casaca (D45), todos com um 3º lugar numa das três provas.
Olhando para as classificações gerais fora do nosso clube, é inevitável referir as vitórias, na Elite, de Inês Pinto (GD4C), à frente de Rita Rodrigues (CMo Funchal), e de Tomás Lima (COC), com forte oposição de Tiago Leal, João Ferreira, Miguel Reis e Silva e Rafael Miguel. Por serem expressivos nos seus escalões, destacamos ainda os triunfos de Anabela Vieito e Susana Pontes, do COC, respetivamente em D50 e D35; António Aires e Tiago Oliveira, do CPOC, em H50 e H16; José Fernandes, .COM, H60; Victor Delgado, GD4C, H55; Armando Santos, COALA, H65; José Pereira, CP Armada, H35; e Pedro Lagarto, CLAC, H20.
À quarta foi de vez
O mapa da Leirosa, onde decorreram agora as duas provas de floresta, tem uma longa história. Foi elaborado em 2018 para nele se disputarem o Campeonato Nacional Absoluto desse ano e o POM 2019. Um mês antes da data prevista para a realização do Absoluto (17 e 18 de novembro), a tempestade tropical Leslie abateu-se sobre o concelho de Figueira da Foz deixando um rasto de destruição que inviabilizou a concretização da prova. Em poucos minutos, na noite de 13 para 14 de outubro, o furacão derrubou milhares de árvores, que nalguns casos amalgamou em novelos, deixando a floresta intransitável em vastos setores. O remédio foi, à última hora, transferir o evento para Quiaios, reprogramando num mês toda a atividade longamente preparada para as dunas mais a sul.
Menos de quatro meses depois, a floresta da Leirosa continuava impraticável e, por isso, também o POM 2019 (1 a 5 de março) teve de ser deslocalizado para Quiaios e Palheirão.
No primeiro trimestre de 2022, o terreno ia finalmente ser utilizado nos Campeonatos do Mediterrâneo MCO/COMOF (2 a 6 de março), mas essa competição haveria de ser cancelada, assim se frustrando pela terceira vez a estreia do mapa. Para levantar um pouco o moral dos organizadores e proporcionar aos amantes da orientação uma experiência nesse maravilhoso campo de dunas, o Ori-Mondego programou para esses mesmos dias um conjunto de treinos cronometrados, não faltando sequer uma prova de estafetas. Não foram assim tantos os portugueses que marcaram presença nessa semana, cujos últimos dois dias foram justamente destinados ao mapa da Leirosa. Tive a sorte de integrar esse pequeno lote de felizardos e posso imaginar a felicidade de quem pôde agora competir oficialmente nesse terreno de eleição. Bem gostaria de lá ter voltado, mas o Troféu de 2 e 3 de abril foi marcado com pouca antecedência aproveitando um furo no calendário, deixado vago pelo adiamento do campeonato ibérico. E eu, na ausência de provas, já assumira, entretanto, outro compromisso.
Mas sei que a maioria dos 452 participantes saiu da Leirosa e da Figueira da Foz, onde se realizou o sprint, com elevado grau de satisfação. É o que ressalta das respostas ao questionário que o Ori-Mondego enviou aos atletas, para recolher os seus comentários e sugestões.
Mas o GDU Azoia não esteve só na Figueira da Foz
Apesar de o GDU Azoia estar em força na prova da Taça de Portugal, alguns dos seus atletas fizeram incursões em provas internacionais, devido a compromissos assumidos antes da marcação do evento na Figueira da Foz.
A família Mendes (Fernando, Vasco e Salvador) deslocou-se à zona de Cáceres, para participar na primeira fase do Campeonato de Espanha, com provas de floresta em terrenos de pedras, típicos da zona de Alentejo e Extremadura e uma estafeta de Sprint na cidade de Trujillo. Destaca-se o 2º tempo conseguido pelo Vasco Mendes (H20E) na prova de Distância Longa e o 4º lugar na distância Média. O João Sousa deslocou-se a Antuérpia para participar na 3ª etapa do City Race Euro Tour, tendo-se classificado em 3º lugar no percurso de 9,75 Km do escalão Junior Mas.
Manuel Dias